Construída em 1881, a matriz de São João Batista carrega em sua história constantes lutas para sua edificação, e dá nome ao município alagoano de Igreja Nova. Sendo o principal cartão-postal da cidade, encanta as pessoas que a observam. Com estilo arquitetônico único, a matriz já faz parte da rotina da população igreja-novense. Pelo bimbalhar mavioso de seus sinos alemães, o meio dia é anunciado na capital alagoana do arroz.
A construção, que demorou 27 anos para ficar pronta, foi inaugurada no dia 12 de dezembro de 1908, graças ao empenho de Frei Clemente Sagan, sendo este o primeiro padre da Ordem Franciscana a se estabelecer pároco, o que virou uma tradição até os dias atuais. Em 1902 Frei Clemente e seu confrade Frei Odilon Gelhaus, foram os responsáveis por levarem a diante a edificação que se encontrava paralisada.
CHEGADA DE FREI CASSIANO DE COMACCHIO E INÍCIO DA CONSTRUÇÃO

A primeira edificação para ritos religiosos no município data-se do começo do século XIX, sendo reformada no ano de 1865. No entanto, em 1881, sabe-se que esta pequena capela já se encontrava em ruínas. Em março do mesmo ano, chega pelas águas do Velho Chico o missionário capuchinho Frei Cassiano de Comacchio, que vinha realizando várias santas missões em todo o nordeste. Foi recepcionado em grande estilo pela população de Oitizeiro, com uma grande queima de fogos e banda de música. O reverendo Frei Cassiano foi responsável por colocar a pedra fundamental da igreja, no dia 23 de março de 1881, e iniciando assim o processo de construção. Ficou na região durante 4 dias. Antes de partir para Recife designou responsáveis para a continuação da obra. Já se encontrava pronto todo o alicerce da construção, quando as obras foram paralisadas em virtude do inverno.
Em 1884 Frei Cassiano volta a povoação. O padre Veríssimo da Silva Pinheiro respondia pela freguesia e conseguiu levantar parte do frontispício e também as colunas numa altura de 3 metros. Depois deste período as obras só ganharam força a partir de 1904. Com a morte do Vigário Veríssimo da Silva Pinheiro, o bispo Dom Antônio Manuel Castilho Brandão pediu a Frei Clemente Sagan para reger a freguesia de São João Batista, este que era um perito em construções, assim fez, e foi nomeado vigário no dia 03 de fevereiro de 1903.
FREI CLEMENTE SAGAN E A CONCLUSÃO DO TEMPLO
Nascido na Alemanha, em 02 de novembro de 1869, Frei Clemente Sagan juntamente com seu confrade Frei Odilon Gelhaus se empenharam para dar andamento e finalizar a const

rução da matriz de São João Batista. Em 1902, recém chegado, constrói com auxílio do povo um grande cruzeiro no alto de um monte. Ele passou a conhecer aos poucos as boas qualidades do povo de Igreja Nova, sua dedicação e obediência aos clérigos. No ano seguinte pediu autorização ao bispo para pedir donativos para a conclusão da matriz. No livro do tombo da freguesia, Frei Odilon descreveu minuciosamente suas viagens de missionário, indicando as quantias recebidas de cada benfeitor.
Embora os habitantes fossem pobres, tinham boa vontade de ajudar a continuação da obra. E nas freguesias vizinhas sempre encontraram corações generosos. Finalmente podiam dar continuidade às obras interrompidas. A nova planta, redesenhada por frei Clemente, tinha: 40 metros de comprimento, 20 metros de largura e 8,5 metros de altura, cujas torres deveriam alcançar 33 metros.
Próximo a conclusão das obras, chega a Triumpho, Frei Bartolomeu José Sturn, um exímio carpinteiro. Construiu os altares do Sagrado Coração de Jesus e também o de Nossa Senhora. Foi sob sua orientação, que o renomado carpinteiro igreja-novense José da Silva Torres construiu as belas portas em estilo barroco.
A inauguração do templo ocorreu somente em 12 de dezembro de 1908. No entanto a igreja ainda não estava totalmente pronta. Nesta ocasião foi celebrada uma missa solene, presidida pelo bispo Dom Antônio Manuel Castilho Brandão, e concelebrada por Frei Clemente Sagan, Frei Odilon Gelhaus, Frei Acúrsio Luetkewite e Frei João Pohlmann, como representante do ministro provincial dos Franciscanos.
Em 1910 foram construídos o patamar e as escadarias, sendo concluído o reboco externo; e em 1916, confeccionados o batistério e a mesa da comunhão. Conseguiram também a lâmpada do santíssimo sacramento e um lustre. Uma peça de alto valor artístico foi o púlpito de madeira, custando na época quinhentos mil contos de réis. Em 1918 foram feitos os bancos e em 1921 colocadas as molduras do altar-mor, retratando passagens bíblicas e milagres de santos.

No ano de 1926, Frei Odilon adquire na Alemanha um relógio com dois sinos próprios. Ao chegarem aqui, o bem feitor Manuel dos Santos pagou a metade das despesas dos impostos alfandegários. Em maio do mesmo ano foi realizada a benção dos relógios pelo bispo Dom Jonas de Araújo Baatinga.
OS VOLUMES PRESOS PELA ALFÂNDEGA
Em 1908 chegaram alguns volumes da Alemanha. Nestas caixas estavam as imagens de São Francisco De Assis, Santo Antônio, Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora Imaculada Conceição, Senhor Morto e também os sinos. A Alfândega com sua burocracia quis impedir a retirada dos mesmos. Não havia dinheiro para pagar os impostos. Dizem que os religiosos, Frei Odilon e Frei Clemente, usaram de muita engenhosidade para resolução do problema. Mandaram confeccionar uma caixa de madeira, puseram uma imagem de São João Batista levando na mão uma carta. Enviaram a caixa ao senhor governador do estado, o Dr. Euclides Malta, porém deveria ser entregue a sua esposa. Recebida a encomenda, ele abre a caixa, contempla com certo espanto o belo presente e com curiosidade lê a carta, exclamando com espontaneidade: “essa só de frade”! Valeu o presente curioso e ao mesmo tempo precioso. O Governador Dr. Euclides tomou todo interesse na solução do problema e as caixas foram liberadas, chegando a tempo para inauguração da matriz.
ATUALIDADE

A matriz é regida por Frei Lenilson Santana Santos, e passou por muitas modificações. Foram substituídos o piso, móveis e também o forro. Orgulho da população igreja-novense, cuja fé corre veias, só resta os agradecimentos aos bem feitores que se empenharam para a construção deste insigne templo.
Até os dia atuais, a principal solenidade celebrada é o novenário de São João Batista, iniciado no dia 15 de junho e tendo seu ápice no dia 24, quando ocorre a tradicional procissão.
CURIOSIDADES
- Foi elevada a instituição canônica de freguesia em 23 de outubro de 1882, pelo bispo de Olinda, Dom José Pereira da Silva Barros.
- Os sinos da torre direita pesam cerca de 01 tonelada, e são ouvidos a uma distância de 06 quilômetros.
- Seu estilo arquitetônico é românico, cuja inspiração são as obras da Roma antiga. A característica desse estilo é o constante uso dos arcos, cúpulas e torres octogonais.
- Seu reboco é constituído de cal, barro e óleo de baleia.
- Contam que as escadarias da matriz foi palco de um milagre do frade Italiano Frei Damião. Durante uma santa missão, ele pregava em meio a um temporal, e ali, onde o Frei estava, não caiu sequer uma gota de chuva.
- Sua cor original era azul.
- O piso original da matriz veio de Portugal, e foi substituído na década de 80 devido a degradação das pedras.
- O forro atual foi colocado em 2010, em virtude do desabamento do anterior, que aconteceu no ano de 2007.
CRONOLOGIA DOS PÁROCOS
- 1883 a 1877 – Padre Veríssimo da Silva Pinheiro
- 1877 – Padre José Raphael de Macedo
- 1889 a 1892 – Cônego Theotônio Ribeiro e Silva (Não se sabe qual ou quais párocos estiveram a frente da Matriz de São João Batista entre 1877 e 1889. Não há registros dessa época)
- 1892 a 1893 – Padre Tertuliano José S. Patury
- 1893 a 1903 – Padre Veríssimo da Silva Pinheiro
- 1903 a 1907 – Frei Clemente Sagan
- Padre João Batista Wanderley foi vigário interino por 3 meses
- 1918 a 1929 – Frei Odilon Gelhaus
- 1929 a 1935 – Frei Metódio Fyrmenich
- 1935 a 1938 – Frei Francisco Solano Sczepanck
- 1938 a 142 – Frei André Müller
- Padre Fernando Vieira foi vigário interino por 11 meses
- 1942 a 1944 – Frei Leônidas Pampinelli
- 1944 – Frei André Müller
- 1944 a 1950 – Frei Constantino Lüers
- 1951 a 1952 – Frei Lamberto Kranz
- 1952 a 1956 – Frei Cirilo Hass
- 1956 a 1961 – Frei Ambrósio Kunsteblen
- 1961 – Frei Antonino Kraienhorst
- 1961 a 1976 – Frei Augusto Santana
- 1976 a 1979 – Frei Hermano Wiggenhorn
- 1979 a 1985 – Frei Augusto Diskmeyer
- 1985 a 1991 – Frei Jonaldo Adelino de Souza
- 1991 a 2000 – Frei Petrônio Cardoso
- 2000 a 2011 – Frei Arnaldo Motta Sá
- 2011 a 2014 – Frei Romualdo Bezerra de Araujo
- 2014 a 2017 – Frei Antônio Rodrigues
- 2017 aos dias atuais Frei Lenilson Santana Santos