No dia 25 de outubro de 1904, nascia Hildebrando Martins Falcão, que no futuro viria a ser um dos filhos de Igreja Nova que mais alcançaria êxito na carreira política. Seu pai, o ilustre Coronel Pedro Falcão, foi inspiração para o pequeno Hildebrando, já que sua mãe, Anna Martins Falcão, faleceu quando o menino tinha somente um ano de vida. Ainda pequeno, mudou-se para Maceió, mas sua terra natal nunca iria sair de seu coração, nem de sua memória. Ao longo do tempo, fazia constantes visitas a Igreja Nova.
Depois de concluir seus estudos no Colégio Diocesano de Maceió, entrou na Faculdade de Direito de Salvador. Neste período, Hildebrando conheceu Alice Rodrigues Falcão, sua primeira esposa. Depois, casou-se com Iracema Besiuchet, com quem teve um filho, Luís Carlos. Viúvo de Iracema, voltou a casar, desta vez com a ex-Miss Alagoas de 1936, Enid Peixoto Braga. Do relacionamento, nasceu uma menina, Anna Amélia Braga Falcão.
Enquanto ainda estudava, começou a escrever para o jornal Diário da Bahia. No Rio de Janeiro, colaborava com os jornais “A Esquerda” e “A Batalha”. Mais tarde, fundou “O Tempo”, que deixou de circular em 1930. No dia 23 de agosto de 1929, o jornal paulista Diário Nacional, ligado ao Partido Democrático, publicou a seguinte nota: “O jornalista Hildebrando Falcão levou a efeito aqui, um comício em prol da candidatura de Getúlio Vargas à presidência da república”.
Hildebrando foi um dos oradores do comício, sendo muito aplaudido. Após a ocasião, recebeu telegramas do próprio Getúlio Vargas, com quem mantinha uma relação de extrema amizade, inclusive, alguns anos mais tarde, foi indicado pelo próprio Getúlio para ser Ministro das Relações do Brasil, junto ao governo do Afeganistão.
Em agosto de 1929 é fundada a Aliança Liberal, em prol da candidatura de Getúlio Vargas. Na época, imperava a política do “café com leite”, onde alternavam à presidência da república as oligarquias de Minas Gerais e São Paulo. Qualquer pretensão à liberdade estatal era uma afronta à República Velha. Hildebrando, como um bom ativista político, estava totalmente inteirado à causa, afim de mudar o cenário do país e colocar uma pessoa que não se encaixava em nenhuma das oligarquias para concorrer ao cargo de Presidente da República.
Em 1929, durante um comício no Rio de Janeiro, Hildebrando foi ovacionado, ao afirmar que: “nordestinos, embora dominados pelas verminoses e pelas secas, não se deixaram ainda abater e emprestarão valioso concurso à causa liberal”. Na ocasião, estava representando os liberais de Alagoas.
Ficando visado no Rio de Janeiro pelos oposicionistas, transferiu-se para Alagoas e assumiu a direção da Aliança Liberal, no sul do estado. Chegando a Penedo, sua missão era fazer com que o jornal “A Semana” circulasse diariamente, o que não aconteceu. O Governo Estadual era opositor a Aliança Liberal e sabotou todos os equipamentos que o jornalista comprou no Rio de Janeiro, substituindo as peças por pedras e ferros velhos. Após este episódio, Falcão foi preso e depois expulso de Penedo. Transferiu-se para Minas Gerais, onde assumiu o jornal “O Libertador em Mar de Espanha”, que também divulgava os interesses da Aliança Liberal.
Getúlio Vargas perdeu a eleição. O então presidente, Washington Luís, trabalhou firme para que Júlio Prestes fosse eleito, através de toda uma estrutura de fraudes das urnas, coerções e compras de votos. Insatisfeitos com o resultado fraudulento, os membros da Aliança Liberal passaram a articular soluções alternativas para o caso. A mais proeminente era fazer uma revolução. Para tanto, era necessário o apoio de militares.
Hildebrando atuou ativamente no confronto da revolução de 1930. Na cidade de Porto Novo da Cunha, participou diretamente do combate armado, como 1º tenente comissionado. Quando Getúlio Vargas assumiu o poder, foi nomeado inspetor da Guarda Civil de Alagoas. Em 1931, assumiu o gabinete do prefeito de Niterói; no ano seguinte, já era funcionário do Ministério da Fazenda. Em 1934, foi eleito a deputado estadual por Alagoas.
O igreja-novense era inteirado as causas jovens. Em 1935, presidiu, no dia 20 de outubro, o Congresso da Juventude, no teatro Deodoro, em Maceió. Como deputado, reivindicou a construção do Porto de Maceió e, assim como seu pai, buscava destinar recursos estaduais para sua terra natal. Em 1937, Getúlio Vargas promulga o Estado Novo e extingue todas as Câmaras Legislativas do país, o que faz Hildebrando voltar a sua antiga função de agente fiscal de imposto de consumo no Ministério da Fazenda.
Candidato a deputado federal por Alagoas em 1945, Falcão não se elegeu. Em 1947, foi eleito suplente de senador por Alagoas. Em meio ao cenário político, Hildebrando constantemente visitava sua terra natal e era recebido com muito entusiasmo pela população. Em uma dessas ocasiões, durante um comício em Igreja Nova, um foguete acabou atingindo um senhor. Prontamente, vendo toda aquela situação, o diplomata se encarregou a pagar todos os remédios e custos médicos. Numa de suas passagens pela cidade Alagoana, chegou também a conhecer a senhora Dona Maria Vermelhinha, concubina de seu pai.
Em 1950, acompanhado do ilustre Presidente Getúlio Vargas, Hildebrando torna a voltar a Alagoas, como candidato a deputado estadual, ficando na segunda suplência.
Em 1952, o “Ministro Hildebrando Falcão” vai à Grécia, com uma delegação de brasileiros, para resolver assuntos pertinentes a União Federativa. No mesmo ano, foi promovido a presidente da Fundação Rádio Mauá. Em abril de 1953, o jornalista foi nomeado, por ato do Presidente da República, para exercer a função de inspetor fiscal do imposto de consumo no estado de São Paulo. Como tinha ficado na segunda suplência do seu partido, nas eleições para deputado federal de 1950, Hildebrando assumiu o mandato no início de julho de 1954, após a renúncia de Mendonça Júnior. Em 1957, a família Falcão mantinha uma grande amizade com a família Kubistchek. E o então presidente Juscelino, o indicou para ser embaixador na Índia. Em 1958, voltou a entrar no meio político, mas não obteve êxito. Em 1960, o Igreja-novense dirigia a revista Panfleto, conhecida pelas suas campanhas patrióticas. No ano de 1962, candidatou-se a senador, ficando em sexto lugar. Durante a Ditadura Militar de 1964, Falcão foi perseguido e aposentou-se compulsoriamente, como agente de consumo fiscal do Rio de Janeiro.
Faleceu em 6 de julho de 1971. Seus restos mortais se encontram em Igreja Nova.
Em contato com sua filha, Anna Amélia, para conseguirmos informações para esta publicação, ela disse se recordar da Igreja Matriz, em especial da casa de uma senhorinha que acolheu muito bem a seu pai. Sua última visita a cidade alagoana se deu nos anos 50, quando tinha cerca de oito anos. Contou também que Hildebrando falava muito de Igreja Nova e do amor que ele sentia por esta terra.
Texto: Mathews Gomes
Revisão: Raphaella Aguiar
Fotos: Acervo familiar de Hildebrando Falcão